sexta-feira, 2 de março de 2012

O "BAMBINO D’ORO"

O Bambino D’Oro (numa tradução livre do italiano: menino de ouro) é um personagem da vida real corporativa assim denominado por sua reluzente aura e nefasta influência exercida nas empresas, em geral familiares de pequeno e até de médio porte. Apesar de sua população ter sofrido sensível redução nas últimas décadas, não foi totalmente "dizimada", não podendo ser considerada uma raça em extinção na selva empresarial! Talvez êle seja conhecido por outros codinomes ou apelidos! Não importa! Na verdade será rapidamente identificado por seu perfil característico e por estar sempre "acima do bem e do mal", sendo inalcançável e invulnerável pela própria natureza da origem...êle é filho do dono! Geralmente o papai do Bambino D’Oro é um indivíduo empreendedor, de grande tenacidade, auto-didata, muitas vezes com educação formal restrita, enorme visão e focado em seu negócio. Em razão disso construiu uma empresa sólida em alicerces calcados no suor, sacrifício e trabalho incessante. Venceu na vida pelo próprio esforço e dedicação, e por esta razão não quer que seu filho passe pelas mesmas dificuldades que passou. Quer que faça a melhor universidade; a mais renomada e de preferência no exterior. E se dedique exclusivamente aos estudos, sem trabalhar, até a conclusão de seu curso, que foi escolhido afim de dar continuidade aos negócios da família. Decisão correta e acertada! Depois de fazer um curso de Inglês extensivo e outro no estilo “tigum” junto com o 2º. grau e cursinho o garoto então com 17, 18 anos é despachado para os States para exames de qualificação e tentar uma vaga no MIT ou Harvard. Perfeito! Consegue entrar, lá vivendo “só para estudar” com tudo pago pelo “paitrocínio”, depois de 5 ou 6 anos, dependendo do curso, volta para o Brasil com o canudo (e que canudo hein???!!!) debaixo do braço, louco para ser Diretor na empresa do pai, sem nunca ter pisado na graxa pegajosa do “chão-de-fábrica” para vivenciar os problemas e decisões de uma manufatura, onde eles realmente acontecem, ali no “pé da máquina” junto aos operadores, supervisores e gerentes que estão na empresa já há 10, 15 anos ou até mesmo desde a sua fundação. Não!!! Mil vezes não!!! O Bambino D’Oro não quer nada disso, o negócio dele não é pegar no pesado, o que ele quer mesmo, e rápido, desde que desceu do avião, é exigir do pai uma sala confortável, bem mobiliada e equipada para iniciar sua “refinada” administração de Dipone (no jargão corporativo: Diretor de P**** Nenhuma) e um salário de 10, 15 "paus" (só para começar). Ahh! ele pede (pede não...ele manda) o pessoal de Compras agilizar a aquisição porque não pode ficar esperando...3 dias no máximo quer móveis, decoração, computador, etc, tudo no lugar! Manda também que providenciem com urgência o cartão de visitas é claro...com o nome Fulano de Tal...cargo Diretor e outros quetais. E o pai? Ah! o pai não fica nem vermelho...E ai de quem reclamar pelos corredores que foi injustiçado...vai bater de frente com o "moço que veio de longe". Uma coisa é certa, o Bambino D’Oro com seus superpoderes, “cai de paraquedas no meio da fábrica”, “chega batendo” e é o cara que “manda prender e manda soltar”! Em pouco tempo acaba se tornando a eminência parda na hierarquia da empresa, não pela via da meritocracia mas exclusivamente pelo DNA. Geralmente causa uma depressão profunda e desânimo generalizado naqueles que estão na empresa trabalhando duro há muito tempo, deteriorando e destruindo, muitas vezes de forma irreversível, um clima organizacional saudável e cooperativo conquistado e construído há décadas!!! Por estas e por outras é que apenas 30% das empresas familiares passam para a 2a. geração e somente 14% para a 3a. geração no Brasil! Reflexo legítimo do sábio e sempre atual provérbio: "Pai rico, filho nobre e neto pobre". E você???... também já encarou um “Bambino D’Oro” em sua carreira??? CARLOS POLETINI

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