quinta-feira, 15 de março de 2012

OS COMERCIAIS DE CERVEJA QUE ENGOLIMOS!

É muito agradável e interessante assistir a comerciais de TV bem elaborados, de bom gosto e técnica apurada, que resultam da criação, projeto e desenvolvimento de uma peça publicitária de alto nível e que atraiam a atenção do público-alvo pela sua sutileza, perspicácia e sobretudo, rapidez. Muitos dos comerciais inesquecíveis que fizeram parte da vida das pessoas a partir dos anos 60 eram de curtíssima duração (menos de 15 segundos). Em geral eram lembrados muito mais por uma cena hilária, por uma circunstância inusitada ou por um flagrante engraçado de seus personagens do que propriamente pelas “maravilhas” apregoadas à uma determinada marca, produto ou serviço da empresa anunciante. E exatamente aí que se encontra o grande diferencial – a fixação na memória - entre uma propaganda de excelência, desenvolvida por profissionais de alta competência técnica e 9 entre 10 dos ridículos comerciais que são abundantemente produzidos pela briga de foice da “guerra das cervejas”, por conquista de décimos percentuais deste mercado altamente predatório. Uma agressão à inteligência do indefeso espectador pela mediocridade, falta de criatividade e interminável repetição dos mesmos clichês, locações, textos, roteiros, argumentos e, é claro sempre com alguém famoso (ou nem tanto), como protagonista, que se dispõe a segurar uma garrafa na mão ou fingir (mal e porcamente) beber daquela ceva A (que é "muito melhor" que a ceva B) entoando um jingle tabajara e sem graça que ofende qualquer pavilhão auricular mais desprotegido. Via de regra a cena grotesca acontece numa praia, marzão azul, sol escaldante, onde menininhos sarados ou não, bonitinhos e feinhos juntos, com menininhas com o fio dental atolado dançam e se movimentam em padrões de comportamento esdrúxulos e diálogos sem qualquer conteúdo que possa vir a ser lembrado na hora que alguém vai pedir uma cerveja no bar, restaurante, balada, etc. Afinal este o único e fundamental objetivo de um comercial: influenciar a decisão de compra do consumidor no momento crucial em que seu cérebro está prestes a optar por uma alternativa dentre várias existentes a sua disposição. E convenhamos, quando pedimos uma cerveja, nenhum de nós irá se lembrar do amadorismo veiculado nos “reclames” estúpidos que somos obrigados a engolir todos os dias na programação da TV aberta. A associação que certos comerciais da bebida apresentam descaradamente entre beber a cerveja A e estar sempre rodeado de mulheres exuberantes, tendo a insinuação sexual como pano de fundo, é extremamente paupérrima e de um primarismo pré-escolar, escancarando as graves deficiências na formação acadêmica (se é que ela existe!) de seus autores. Ainda mais quando se constata o inesgotável e riquíssimo leque de temas, costumes e hábitos disponíveis que não são explorados. Mas não! Preferem bater sempre na mesma tecla do apêlo barato, e quase sempre vulgar, da sensualidade. Outro ponto curioso que se nota nestes comerciais é a insistência tendenciosa na exclusiva segmentação de jovens até seus 30 anos como público potencial a ser conquistado e fidelizado para consumir o produto, como se o sujeito de mais de 30 anos não bebesse mais, não fizesse mais churrasco e nem fosse mais á praia! Enfim esta faixa etária foi absolutamente deletada do target da bebida. Há um vídeo na net de um comercial de uma cerveja (desconhecida) do Leste Europeu onde 4 amigos na faixa dos 40, estão bebendo cerveja, vestidos com uniformes de futebol absolutamente limpos, sentados do lado de fora do campo onde outras pessoas estão jogando. Depois de muitas garrafas de cerveja correm para uma grande poça formada pela chuva que caía e rolam se lambuzando de lama dos pés a cabeça para justificarem o jogo de futebol para suas mulheres. Um deles chegando em casa toca a campainha, a mulher vem abrir a porta, e ele todo sujo, cara de cansado, cabelo espetado, diz à ela, que olha prá êle com cara de desconfiada: - Fiz três hoje! Fantástica capacidade de síntese e desfecho marcante. Como deve ser uma mensagem publicitária. Felizmente nem tudo está perdido! Ainda há profissionais publicitários de altíssimo gabarito que produzem campanhas geniais, como a que esta sendo veiculada por uma famosa marca de tubos e conexões de PVC, onde um oficial militar é duramente repreendido na presença de seus recrutas, por um humilde mas competente encanador, sendo obrigado a “pagar” flexões como castigo, (ao som do bordão: "o sargento vai pro chão") por não ter comprado os materiais daquela marca para a reforma no quartel. Engraçadíssimo e inesquecível! Só pode ter sido produzido por uma mente brilhante e de aguda capacidade imaginativa. Hoje existem pouquíssimas criações publicitárias de talento quando comparadas às maravilhosas e memoráveis produções, em quantidade e qualidade, entre as décadas de 70 e 90, quando o Brasil era reconhecido mundialmente, juntamente com EUA e Alemanha, como um dos grandes na produção de comerciais. Hoje certamente não é mais! Pelo menos no segmento de cervejas, com certeza! É hora de reciclar e voltar às origens... CARLOS POLETINI

sexta-feira, 2 de março de 2012

O "BAMBINO D’ORO"

O Bambino D’Oro (numa tradução livre do italiano: menino de ouro) é um personagem da vida real corporativa assim denominado por sua reluzente aura e nefasta influência exercida nas empresas, em geral familiares de pequeno e até de médio porte. Apesar de sua população ter sofrido sensível redução nas últimas décadas, não foi totalmente "dizimada", não podendo ser considerada uma raça em extinção na selva empresarial! Talvez êle seja conhecido por outros codinomes ou apelidos! Não importa! Na verdade será rapidamente identificado por seu perfil característico e por estar sempre "acima do bem e do mal", sendo inalcançável e invulnerável pela própria natureza da origem...êle é filho do dono! Geralmente o papai do Bambino D’Oro é um indivíduo empreendedor, de grande tenacidade, auto-didata, muitas vezes com educação formal restrita, enorme visão e focado em seu negócio. Em razão disso construiu uma empresa sólida em alicerces calcados no suor, sacrifício e trabalho incessante. Venceu na vida pelo próprio esforço e dedicação, e por esta razão não quer que seu filho passe pelas mesmas dificuldades que passou. Quer que faça a melhor universidade; a mais renomada e de preferência no exterior. E se dedique exclusivamente aos estudos, sem trabalhar, até a conclusão de seu curso, que foi escolhido afim de dar continuidade aos negócios da família. Decisão correta e acertada! Depois de fazer um curso de Inglês extensivo e outro no estilo “tigum” junto com o 2º. grau e cursinho o garoto então com 17, 18 anos é despachado para os States para exames de qualificação e tentar uma vaga no MIT ou Harvard. Perfeito! Consegue entrar, lá vivendo “só para estudar” com tudo pago pelo “paitrocínio”, depois de 5 ou 6 anos, dependendo do curso, volta para o Brasil com o canudo (e que canudo hein???!!!) debaixo do braço, louco para ser Diretor na empresa do pai, sem nunca ter pisado na graxa pegajosa do “chão-de-fábrica” para vivenciar os problemas e decisões de uma manufatura, onde eles realmente acontecem, ali no “pé da máquina” junto aos operadores, supervisores e gerentes que estão na empresa já há 10, 15 anos ou até mesmo desde a sua fundação. Não!!! Mil vezes não!!! O Bambino D’Oro não quer nada disso, o negócio dele não é pegar no pesado, o que ele quer mesmo, e rápido, desde que desceu do avião, é exigir do pai uma sala confortável, bem mobiliada e equipada para iniciar sua “refinada” administração de Dipone (no jargão corporativo: Diretor de P**** Nenhuma) e um salário de 10, 15 "paus" (só para começar). Ahh! ele pede (pede não...ele manda) o pessoal de Compras agilizar a aquisição porque não pode ficar esperando...3 dias no máximo quer móveis, decoração, computador, etc, tudo no lugar! Manda também que providenciem com urgência o cartão de visitas é claro...com o nome Fulano de Tal...cargo Diretor e outros quetais. E o pai? Ah! o pai não fica nem vermelho...E ai de quem reclamar pelos corredores que foi injustiçado...vai bater de frente com o "moço que veio de longe". Uma coisa é certa, o Bambino D’Oro com seus superpoderes, “cai de paraquedas no meio da fábrica”, “chega batendo” e é o cara que “manda prender e manda soltar”! Em pouco tempo acaba se tornando a eminência parda na hierarquia da empresa, não pela via da meritocracia mas exclusivamente pelo DNA. Geralmente causa uma depressão profunda e desânimo generalizado naqueles que estão na empresa trabalhando duro há muito tempo, deteriorando e destruindo, muitas vezes de forma irreversível, um clima organizacional saudável e cooperativo conquistado e construído há décadas!!! Por estas e por outras é que apenas 30% das empresas familiares passam para a 2a. geração e somente 14% para a 3a. geração no Brasil! Reflexo legítimo do sábio e sempre atual provérbio: "Pai rico, filho nobre e neto pobre". E você???... também já encarou um “Bambino D’Oro” em sua carreira??? CARLOS POLETINI

quinta-feira, 1 de março de 2012

DESIDERATA

Eu conheci há bastante tempo, ainda quando estava na faculdade, um conjunto de princípios e valores, que por sua aplicação prática nos campos pessoal e profissional adotei como filosofia de vida, e procuro seguí-la. Percebi logo que ela tem várias concordâncias com situações que vivenciamos em nosso dia-a-dia na empresa. Pensem vocês também e vejam o que acham.Caso sintam que podem aproveitar alguma coisa... DESIDERATA (Do latim desideratu: aquilo que se deseja, aspiração.) Vá placidamente por entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, sem se entregar, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a sua verdade, calma e claramente; e escute a dos outros, mesmo os estúpidos e ignorantes; também eles têm a sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas. Elas são um tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, pode tornar-se vaidoso e amargo; porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde; é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios; porque o mundo é cheio de artifícios e trapaças Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais; e por toda a parte a vida é cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Principalmente não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor; porque em face de toda aridez e desencantamento ele é perene como a grama. Aceite gentilmente o conselho dos anos, renunciando com benevolência às coisas da juventude. Cultive a força do espírito para proteger-se num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do Universo, não menos que as árvores e as estrelas. Você tem o direito de estar aqui. E, quer seja claro ou não para você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria. Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja sua forma de concebê-lo, e, sejam quais forem sua lida e suas aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, perdas e sonhos desfeitos, este é ainda um mundo maravilhoso. Esteja atento! Texto encontrado na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore, Maryland - EUA datado de 1692 Autoria desconhecida